sábado, 3 de outubro de 2009

o descaso com a função

Meu irmão quando pequeno pegava uma lupa colocava entre o sol e a formiga pra ela queimar e morrer.
Eu achava aquilo assombroso.

Meu irmão tem olho verde.
A cena piorava.

Eu sempre fui a tapadinha.
Meu irmão era o máximo!
Ainda é.
Rápido pra pegar as coisas, fuça, descobre, fez medicina na Unicamp, ganha bem e tem a vida do jeito que ele programa.

Me espanta esse domínio.

Tenho um jeito estranho de pensar.
Confesso aqui.

Pra mim as coisas são funcionais.
Seja o que seja.
O fio dental, o chá, o cinzeiro, o pensamento, a amizade, a paixão, o filho, o palito de sorvete.
As coisas existem pra funcionar, de algum jeito.
Difícil pra mim entender uma saia que suba com o vento, ou o grampeador que não grampeia a última folha. A mãe que pragueja o filho, a pessoa que detesta a vida, a relação entre duas pessoas que se gostam e não acontece.

A saia é pra cobrir, o grampeador pra grampear, só é mãe quem tem filho, quem não quer viver morre, gente que se gosta se junta.

Queria saber a função das formigas que tenho em casa.
Fazem formigueiro em banana, avançam em resto de água, sobem na pimenta, na tábua de cortar, no varal.

Não me faz sentido nenhum.
A não ser detestá-las.

Me falta a lupa.
E o olho verde pra cena ficar pior.

Continuo lenta.

Um comentário:

Marina disse...

"A saia é pra cobrir, o grampeador pra grampear, só é mãe quem tem filho, quem não quer viver morre, gente que se gosta se junta."
MUITO BOM!!!! uahuahuahau
TB quero uma lupa! Vamos exterminar as formigas... da minha casa e da sua... rsrs