sexta-feira, 29 de maio de 2009

terça-feira, 26 de maio de 2009

http://me-nina-me.blogspot.com/2009/05/ele-me-faz-falar-dele.html


as coisas vão sendo faladas

- vc acha melhor?
- sim, claro...apesar de toda a dificuldade e peso que tem isso tudo.
- e ele tbém está achando?
- de forma diferente, mas também.

- como ce está?
- Estou quase plena se não faltasse tanto...rs
- acho linda a forma como vocês são bem resolvidos, eu sei que isso não é o tempo inteiro, como com niguém

- o objetivo é nos reconstruirmos individualmente
- parabéns pela atitude e coragem

- e tenho sentido umas coisas incríveis...uma barreira enorme pra alcançar as coisas, uma sensação de morte...mas tudo me faz me sentir mais viva
- vc e esse seu encanto por sentir as coisas
- hoje me deu uma vontade de gritar na janela: existo!!
- vcs estao vivos né...nao podia ser diferente, quero um dia adorar vivenciar essas coisas

- e ele como está?
- eu tenho achado ele corajoso! admirável, ele dá conta de si
- ele dá... no fundo a maioria das pessoas dá.

ir além

Sabe o que me fascina?
Ir além do que previa.
É estar no limite de um momento e ter a proposta de seguir.
Tenho rancor do fim.
Da cidade que não funciona depois da hora.
De não poder acordar na madrugada e ir.
Da hora de acordar, dormir, brincar e trabalhar.
E incrível que faça isso com meu filho.
Por que?
Talvez minha única possibilidade.
Talvez seja minha única chance de sobreviver.
Sem Felipe, sem Tito, talvez estivesse numa noite de anos.

Godard

Tenho ainda resistido dormir, acordar por consequência.
Ontem consegui deixar os textos e me preparei pra um filme.
Um brasileiro que Lipe disse pra assistir.
Na primeira cena lembrei ter visto.
Minha cabeça não guarda, substitui.
Nas prateleiras de dvd's bati o olho e peguei
Je vous salue, Marie
Era tarde.
Quase duas.
Fui uns trinta minutos de filme.
O olho doía.
Cinco e meia meu filho pediu leite.
Mã-mã!
Ele não diz mas é o leite.
Acordo, preparo, confiro o lado do bico, a fralda, beijinho, pra cama.
Mexo no meu corpo pra me aconchegar.
Escrevo no caderno que faço pra Tito desde que nasceu.
Me cubro, bruços.
Ele volta a chamar.
Bô.
Entrega a mamadeira.
Se estica para que eu o pegue.
Reflexo.
Deito ele de bruços, carinho nas costas e na orelha.
Saio devagar pra tentar me esticar.
Resisto.
Sem carinho nas costas e na orelha.
Estico os braços.
Je vous salue, Marie
Não dá pra dormir.
En ce temps là - Naquela época
Entrego a mamadeira.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

me descasco


Ontem, conversando, falei de quanto sou mexida com as possibilidades.
Como me altera enxergar a quantidade possível de direções.
Sentir que posso tomar uma decisão que não tinha, fazer a viagem que não fiz, encontrar as pessoas que ainda não vi, mudar aquele meu móvel de lugar, pintar a parede que não enxergava mais, andar pelo caminho que não conheço, participar de programas que não me chamavam mais.
Me enfeitiço...
Me levo a um limite.
Quase a minha loucura.
Enquanto escrevo e me carrego pra essa sensação que me vibra, percebo a reação dos meus braços, a palma da minha mão, e uma força que empurra minha cabeça de dentro pra fora pra todos os lados.
Corpo que não parece meu.
Disse ontem nessa conversa que me lembro exatamente do momento primeiro que reconheci essa possibilidade da autoria, a força que isso carrega, a transformação que acompanha a ação que tenho, ou não tenho.
Há 16 anos atrás fumei escondido, com amigas, numa brincadeira, sem pensar.
Num momento rápido, de minutos, esse que me fez contato com esse sentimento que me faz viva, quase insana, eu senti essa força que desespera. As escolhas que só podiam vir de mim, e me fizeram contato com minhas primeiras possibilidades conscientes, que me impressionaram ao me enxergar a partir dali, naquele momento que me decidi fumante.
Me abalo hoje quando lembro e sinto vivo aquele momento.
Fico mexida com a volta da mesma sensação que tive.
Assusta a distância que temos.
É mais difícil sair do lugar. Tenho mais medo.
As direções são menos claras.
O movimento da escolha é mais extremo, valioso.
Eu sinto o cansaço. O consumo de mim é maior.
Meu corpo dói. Minha garganta.
Eu tento não reconhecer a força contra que me bate.
Finjo que o impulso é forte.
Ignoro o socorro que me peço.
Me surpreende a densidade.
Mexo em todos os caminhos com menos convicção.
Tive agora aquela mesma sensação da possibilidade.
Com clareza.
Mesmo chorar eu posso.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

minha fragilidade

Criei uma figura com tanta segurança que mesmo eu fico um tanto sem chão.
E eu não ligo de dizer que me criei, pois a gente se constrói a cada conversa, cigarro, cheiro, sorriso, música, pensamento.
É bom construir e ter que desfazer.
Sou simples. Pras coisas da rotina. Pro consumo.
Não gosto do chique nem do sofisticado, sou muito vira-latas pra isso.
Gosto do criativo, do bom gosto ou do pé sujo com papel no banheiro, das mulheres ao menos.
Não tenho carro. Nem sei dirigir.
É minha fragilidade que trago pra cá.
Nelson Rodrigues também não sabia.
Faz com que eu me sinta parte de um grupo.
Bem interessante, vamos dizer.
E tenho pouquíssimo dinheiro ou nenhum, geralmente.
O que me faz sentir da maioria.
O taxi não é muito fácil.
E se parecer um lamento eu peço desculpas, pois não é.
Eu sempre vivi assim e é assim que me carrego por aí, bem.
A questão é a variedade de momentos.
Sou uma pessoa de pouco custo e dinheiro mas com grande fartura afetiva.
Hoje tive uma volta catastrófica de uma cerveja no Rio.
Voltei com amigos de ônibus, ótimo.
Mas aqui eu tive que fazer escala do centro pra Roberto Silveira/Domingues de Sá - andar pela cinco de julho e no fim dela enxergar aquele carrinho maior e azul que reconheço com os 4 graus que me faltam no olho.
É minha fragilidade.
O carro que não tenho, o táxi que não pude pagar.
Antes disso uma ligação no skype com sotaque peruano me diz que vou para Lima, um mês. Passagens compradas!
É minha riqueza.
Te amo Lu!
Antes mesmo das passagens (talvez um pouco menos).

segunda-feira, 18 de maio de 2009

preciso falar de nós

Gostaria de escrever este texto de um tamanho que sei que não vou conseguir, incompetência.
Pra dizer sobre o que ocupa todas as primeiras sensações e desejos e amor.
Meu vizinho ouve Caetano tão alto que pode acordar meu filho.
Esse som alto me faz torção embaixo do peito. E por cima. Por onde sai a voz.
Não tem problema acordar.
Queria saber berrar.
Como Caetano.
.
Há alguns oito anos atrás um encontro definitivo.
Esbarrão pra outra cidade, trabalho, projetos, amigos, família, casa e um filho, o mais bonito de todos.
Num tropeço virtual deixei uma casa com tudo que tinha e vim em duas mochilas.
E vieram todos os momentos, do mais leve ao pancadão.
O que nos faz querer coisas.
Umas que nos encontram outras que precisamos encontrar.
Próximos e reformulando, criando possibilidade que temos.
A resposta não está na ponta da língua.
Nem as sensações são claras.
O ideal é que faz parar.
A idéia do fracasso.
A mentira do fim.
E cada instante é um.
Com a insegurança animal que aumenta e faz querer esquecer o que nos trouxe aqui.
A gente arrisca no caminho errado com a certeza de poder errar.
Na quantidade de direção que podemos, sem ver agora quase nenhuma.
Difícil deixar a sombra.
Na gente todas as dores.
O olho que fecha e faz andar.
Com pouco mais de duas mochilas.
A marca mais funda.
A vida não é tão fácil.
A gente pode cair.
Não é logo ali que termina.
Nosso caminho é imenso.
Mais claro que parece agora.
Carrego o peso da certeza.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

21/01/2008


Recebi um e-mail há pouco sobre a "semana mundial pelo respeito ao nascimento".
Coloco aqui um e-mail que escrevi, o primeiro depois de Tito nascer, uma semana depois.

--

Oi meus queridos!
Estou muito feliz de escrever esse e-mail pra cada um de vocês pra compartilhar a alegria da chegada do formoso, sedutor, saboroso e de goela enooooorme TITO!
No domingo dia 20 a bolsa estourou as 22:30, estava em casa, sozinha, liguei pra Lipe, pra Lucía, Daltinho e Angela. Fiquei nervosa no início, fui me tranquilizando e pensando na chegada tão próxima do filhote. Fui tomar banho, tomei alguns, muita água escorrendo. Angela chegou com Lucía e Daltinho. Lipe, que estava fazendo um trabalho no Rio, ia nos encontrar no hospital. Chegamos mais ou menos meia-noite. Quidinho e Lipe estavam lá. Fui examinada por um obstetra de plantão que disse que estava com 3 cm de dilatação. Fiquei feliz pois estava receosa de não estar em trabalho de parto. Caminhei bastante para que dilatação e contrações viessem. Entre meia-noite e duas ficamos ali embaixo, o clima entre a gente estava ótimo. Eu andando. Me chamaram para o quarto, Lipe estava comigo. Chegando lá uma enfermeira veio avisar que o médico que me atendia estava no centro cirúrgico me esperando. Fiquei assustada, ele não tinha ido me ver, não tinha me avaliado. Fui até lá, numa maca (horrível ter contração sem escolher a posição), encontrei lá uma equipe inteira, pronta para uma cirurgia. O anestesista veio falar comigo e perguntou: Você já tomou anestesia alguma vez? Eu então falei: Não e não vou tomar agora antes de conversar com o médico e entender o que está havendo, estou em trabalho de parto, nenhuma pessoa me avaliou antes de me encaminharem pra cá. Ele disse então que uma médica iria me avaliar. Ela fez o exame, estava com 5 de dilatação e o colo apagado, estava pronta para o parto normal. Logo mais recebo a notícia: FUI CONFUNDIDA COM OUTRA PACIENTE! Estava prestes a fazer uma cesárea com outro médico. Ligaram para o médico que me acompanhou durante a gestação e ele disse que estava chegando. Apesar desse absurdo no HCN, a expulsão foi o momento mais bonito que já tive, o maior prazer que já senti. Lipe estava comigo. 04:29 do dia 21/01 era Tito!
Apesar do trabalho de parto ter sido tranquilo a recuperação não foi tanta, perdi muito sangue, não conseguia me recuperar. Outra negligência, agora do médico. Meu pós-parto. Meu útero não voltou a contrair como devia e isso fez com que perdesse muito sangue e desmaiasse a todo momento. Eu havia recebido alta. É de rir.
Além disso Tito teve icterícia, tomou "banho de luz" por alguns dias. Depois de me recuperar continuei no hospital pra ficar com ele, amamentar. Foram 6 dias de hospital. Eu sinto aquele cheiro sem parar.
Conseguimos voltar ontem 27/01 a noite.
Estou muito feliz. E muito aliviada de estar em casa.
Feliz com cada telefonema, cada mensagem, cada energia gostosa de vocês. Me preparei bastante para o momento do parto, mas nunca pensei que pudesse ser tão dificil a adaptação, a amamentação e a recuperação. Estamos exaustos, filhote, mãe, pai, avós. Foram momentos muito fortes, muita coisa em tão pouco tempo. Hoje é o primeiro dia que consigo voltar a enxergar as coisas além da gente. Por isso gostaria de agradecer muito a todos, a cada um a vontade de nos ver, de conhecer o pacotinho, e pedir que aguardem um pouco a nossa adaptação, a nossa recuperação, para que possamos receber cada um com mais tranquilidade, disposição, comidinhas, caras mais rosadas e poder retribuir de verdade cada carinho.
Um carnaval delicioso pra todos e que a gente se veja logo depois dele, felizinhos!
Um beijo enorme, em anexo a foto.
mmmmmmmmmmmmmmmmmmmmuá
com todo amor

quarta-feira, 13 de maio de 2009

filho

Tenho Tito momentos cada vez melhores.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Tenho trabalhado bastante.
Com a expectativa permanente do fim.
Como se daqui dois dias pudesse não fazer nada.
E se tem uma coisa que não sei fazer é não fazer.
Hoje mesmo estou dizendo que vou dormir desde oito da noite, são meia-noite e vinte.
Ia dormir, vim terminar parte de um projeto, coloquei dvd's pra copiar um trabalho que preciso entregar amanhã, passei toda a roupa que tinha, estou fazendo almoço de amanhã pro meu filho e estava querendo sentar um pouco pra escrever aqui. Sentei, enquanto a panela borbulha e os dvd's copiam.
Meia-noite e trinta e dois.
Minha mãe me enviou um e-mail dizendo que quando ela melhor escrevia era quando se sentia sufocada, que hoje, leve, ela não tem vontade alguma.
Eu concordo com minha mãe.
A tristeza e a melancolia necessitam mais da escrita.
É pra onde dá pra correr.
Meia-noite e quarenta e um.
O hífen do meia-noite caiu?
Eu só sei de português o que aprendi na escola.
E minha escola era boa de roupas bonitas.
Aliás minha mãe disse também que havia três erros péssimos de português.
Daqui do blog.
Se perceberem me avisem!
A página fica mais respeitável.
Meia-noite e quarenta e sete.
Algumas pessoas me escreveram perguntando se estava bem, se estava triste.
Algumas além da minha mãe.
Isso é pra mim um cheirinho no cangote.
Pois descubro os leitores.
Quem me conhece pessoalmente me considera feliz, cheia de dentes, boba até.
E não é que não seja. Sou!
Mas minha alma é rodrigueana.
Eu tenho amor pelo que dói.
Pela escrita eu vou assim.
É quando posso cutucar todos os dramas, mergulhar no escuro, na tragédia que tenho ou invento.
Por isso amigos me procuram pra conversar quando não estão lá no melhor momento, porque eu adoro!
Bom, devo estar feliz.
Este escrito está de chorar.
Meia-noite e cinquenta e seis.

domingo, 10 de maio de 2009

sexta-feira, 8 de maio de 2009

sexta-feira 08/05

Conclusivo hoje.
Fim de uma tarefa que me quebrou sono várias madrugadas.
Uma boa limpeza na casa.
Uma comida sendo feita.
Cabeça com menos espasmo.
Pronta pro dia das mães!

quinta-feira, 7 de maio de 2009

algumas coisas simplesmente não vão

É incrível essa sensação.
Existem coisas de todos os tipos que deixam de acontecer sem motivo algum.
Deve haver algum, que não faz sentido nenhum.
Já sentiu isso?
Quando não dá pra questionar? Vai ser!
É tão óbvio.
E numa contradição estúpida, pára.
Olhando pra trás você vê.
Pára.
Não vai.
Não anda.
Parece impossível.
Não há
o que
fazer
Fica.
Só.
.
Algumas coisas simplesmente são não.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Leitura e comentário

Quando abri esse espaço, esse blog, pretendia um estímulo a escrever, um lugar público que me sugeria mais um esconderijo que outra coisa.
Não houve o entusiasmo que pretendia.
Escrevia um pensamento.
Meses depois uma foto.
No fim do ano passado repercebi a escrita, e a função que ela tem pra mim.
Chegar onde não chego de outra maneira.
Sou ruim em dizer.
E tímida ao fazer um elogio.
E burra pra encontrar verbalmente o que me mexe tanto no agora.
E mais que tudo, sou lenta.
Preciso de um tempo de absorção.
E vai acumulando o que precisa ser dito.
A escrita me traz esse poder.
Me altera a comunicação.
Um recurso.
O que altera muito o modo de levar minha vida.
O que possibilita ir por onde desconheço.

Se te alcanço ou não é outra questão: competência.

Tenho recebido apoio de pessoas que admiro.
Comentários que mantém o fluxo desse espaço.
Comentários que vêm por e-mail, telefone.
Não são tantos, os meios que variam.

Muitas vezes comentários com tanta dedicação que valem por si.

Esse apoio, esse retorno sincero me faz menos vira-latas.
Me faz até acreditar que posso escrever pra que alguém leia.

Eu quero agradecer muito, quero dizer muito obrigada, mesmo!

O cheiro que tenho em casa

Há algum tempo tenho trabalhado mais do que gosto.
Dormido menos que preciso também.
E minha casa está de chorar.
Troncha, desarrumada.
Como eu.
Dou um jeito aqui e ali e ela parece mais clara, melhor.
Alguém que chega acha limpa.
Como a mim.
E minha casa está de chorar de verdade nos lugares mais difíceis.
Claro.
Preciso chamar Elaine que enxerga e alcança cada grude antigo, o pó de cima, o debaixo e aquela sujeira enorme de tempos, dentro de cada porta aberta na minha casa.
Como as minhas.
Que Elaine não vê.

Ontem terminei um trabalho três da manhã.
Meu olho um rasgo vermelho.
Os homens da casa roncavam.
Pra começar o que Elaine não alcança, um banho quente.
Precisava daquela água.
Do silêncio do ronco.
Do escuro.
Fiquei ali tempo infinito.
Talvez o rasgo vermelho tenha aumentado.
Saí com dificuldade.
Preciso do sono, pouco sono que vou ter.
E antes a mochila do filho arrumada.
Blusa de manga curta.
Bermuda pra cobrir mais e nem tanto.
Separei as usadas.
Tenho o impulso de lavar o que não sai do varal.
Senti o cheiro.
Aquele cheiro um que nem consigo saber.
Maior que posso.
Que não se lava.
Que não o do mercado que comprei pra Elaine deixar depois de ir.

procuro-me

sábado, 2 de maio de 2009

hoje


Sou outra trilha.
Ao sol!