quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

último gole ao ano das quedas (e erguidas)

Um beijo enorme a cada um que de alguma forma me acompanhou e ajudou a de novo estar simples, leve e boba.
Ano lindo a todos!

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

seja rico, seja pobre

Durante todo o dia, vejo as coisas e escrevo, escrevo sem sentar e escrever, faço texto e idéia sobre o que vejo enquanto vejo.
Tenho tido momentos muito fortes com meu filho, de tremer, de gargalhar de boca aberta e todos os dentes até chorar com som de risada.
Quero registrar de alguma forma, materializar essas sensações, chegar de algum jeito onde chegam em mim.
Mas entendi.
Não chego.
Não vou chegar.
Em pé não.

Fumante não senta mais.
Muita área livre.

Mas gente, não se pode fazer assim, pode?
Quando vai mudar a mão de uma rua, precisa outra opção pra então mudar.
Uma obra na rua faz com que outro trajeto funcione enquanto ali não.

Como é que um lugar que não tem banco de rua, nem cesto de lixo e só tem falta de praça pode fazer assim?

E vai te fazendo acreditar.
Tava almoçando com Tito naquele lugar em frente ao Campo São Bento, onde se bebe cerveja, fuma. Cadeira na calçada. Os fumantes com cadeiras pra lá do toldo. E veio fumaça na gente. Olhei pra lá na hora. Nervoso, pediu desculpa, de jeito vira-lata, foi indo mais longe. Eu não consegui mudar, dizer que eu queria que ele voltasse, que não fizesse assim.

E como é que não tem a opção de um lugar ser só de fumante?
Como é que não?

Mulher. Pedestre. Fumante.
Pra onde é que eu quero ir?
Só posso ir.

Quando é que eu posso parar?
Sentar, acender um cigarrinho, tomar um negocinho?

sábado, 19 de dezembro de 2009

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Bem que isso podia nunca mais ter fim

Dormi depois, acordei antes.
Como sempre quando apaixonada.

Olhando pra ele, espalhado como se um metro e noventa.
Boca aberta.
Cheguei perto pro cheiro da boca que cheira bem, apesar da saliva parada.
Uma hora.
Ouvindo, vendo, cheirando.

Foi acordando.
Virando, enfiando as pernas debaixo de mim, as mãos.
Virou do outro lado, mais de uma vez.
Escuto "minhoca, minhoca..."
Volta o sono que sei pelo som de quem não pensa pra fazer.

Vira de volta, de frente pra mim.
Fecho o olho como aprendi a fazer de um jeito que vê.

Estica o braço, passa a mão na minha cara, de levinho.
No meu braço.
Não tira o olho de mim, como fiz há pouco.
Senta.
Procura meu peito pra enfiar a mão.
Se levanta mais, não consigo ver sem mexer a cabeça.
Uns tapinhas na minha bunda "boi, boi, boi...preta..nino...êta".

Virei pra ver, olho aberto, rindo.
Riu como se acordasse de verdade enquanto ria.
Levanta minha blusa, a dele, deita barriga com barriga.
Estica o dedo machucado "Bêju". O outro "Bêju". Bico "Bêju".
"Abraço".

Pega meu óculos, sempre pega, e entrega.
Acha a sandália, obsessivo nela sempre.
O livro dele que tava ali.
O meu, O meu não!

Um susto Meu deus, tenho um filho.

Nunca sonhei estar grávida.
E mesmo em mim sensação louca de grandeza.
Um corpo fazendo outro.
Nove meses, passar a ser.

Inteiro desde o início.
Mesmo na falta.
Parte do que se é inteiro.

Falta pra mim alcançar a sensação que não entendo.
Da parte minha maior que eu.

Em você me vejo mais que posso.
Falo só o que entendi.
Simples, me dá o que mal suporto.
Ocupa espaços que não cheguei.

Nem dois anos.

Grande como nunca vi ninguém.
Esqueço o tamanho.
E lembro.
E quando lembro mal sei falar.

domingo, 13 de dezembro de 2009

morre bebê de Helena e Marcos

Vivo encontrando notícia dessa sobre gente que não conheço e sem sobrenome.

Essa história de saber de coisas assim de gente que não sabe quem...
No facebook sinto que estou por engano.
Alguém diz: e nosso ano novo?
Não é comigo, não é.
Fica ali, como se fosse.
E sei das respostas.
Por que sei das respostas?

Uma diz que vai pra aula de street dance, outro que dormiu o dia todo.
Eu, como na janela, atrás do vidro sujo ou fumê.

Não sei, só me sinto íntima do que tenho intimidade.

Um dia, lembro das coisas não pelo que lembro, lembro da sensação forte.
De novo, um dia, um ex-namorado foi me buscar no teatro, e ficamos conversando dentro do carro, no estacionamento.
Ele tinha uma cara e jeito de quando a gente tem algo novo e parece demente.
Ele dizia sobre voyeurismo.
Não sabia o que era.
Me contou. Explicou.
Disse que umas pessoas fazem algo assim.
Gostam de olhar a intimidade de outras.
E fazia bem pra esse que olhava.
Disse mais uma quantidade de coisas, gostava de falar.

Não sei fazer como se não descobrisse.
Quando conheço o que não conheci me apavoro.
Não enxergo mais, não escuto, tropeço as palavras.
Páro de aprender.

O limite que tenho é um dado novo.

Como o dia que o professor na pós, de novo, na pós, disse que podia ser que o giz caísse ou o chão subisse.
Gargalhei.
Ninguêm riu. Olharam pra mim.
Ninguém se assustou.
Ri mais.
Não podia continuar ali.
Pedi pra sair.

Lá no carro não ouvi mais.
Nem tinha o que perguntar.
Além dali.

Pedi pra irmos prum café.
Bem cheio de gente.

sábado, 12 de dezembro de 2009

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

sua cara 11-12, Arthur Tuoto

Com Arthur Tuoto, via skype.
arthurtuoto.com

Hoje!

domingo, 6 de dezembro de 2009

que importância isso tem

Terminei o livro.
E então como se a vida na escrita.

Não tem mais o que escrever.
Não sei mais.
Toda frase parece boba, assunto, jeito.
Não que antes não fosse.

Não fazia por ser bom,
Ia fazendo.
Não sei, parou.
Foi parando.

Não tenho ficado tanto em casa.
Pode ser isso.

Não vejo tv há meio ano, também pode.

Depois de semanas ontem tinha mais uma na cozinha, sempre lá.
Planejo fechar, vedar janela e porta e ligar o gás.
Mas não me mexem mais.
Fiz dela minha última.

Desde o início do ano afundada.
Embaralhada, toda enroscada.
Derrapando pros lados.
Enchendo o saco de todo mundo.
Tudo grande, insuportável.
Um drama.

Já tudo resolvido, tudo.
Problema mais nenhum.
Posso sentar pra ver o ano acabar.
Nenhuma questão mais.
Alisado, tudo alisado, sem dobra, fora as do corpo, que diminuiram também.
Até dos dentes tratei.

Faltam os 7 quilos.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

sua cara 04/11

Gabriel Sanna
nasceu em 1981 no rio de janeiro e aos 7 anos mudou-se pra belo horizonte, onde nos anos 90 participou de diversas bandas de punk autoral, dentre elas o clone de albuquerque, junto dos amigos mateus bahiense e wagner carvalho. em 2003 viveu em tokio, onde rodou seu primeiro curta, "o estrangeiro". no ano seguinte voltou a bh e fundou com dellani lima e rodrigo lacerda o coletivo "eu morri em 1999", que até hoje realiza diversos curtas e também alguns projetos para tv. em 2006 iniciou uma parceria com a escritora e psicanalista lucia castello branco, afim de produzir documentários sobre alguns sujeitos singulares da literatura em lingua portuguesa. em 2007 viveu em portugal, onde rodou seu segundo longa, "redemoinho-poema", e mais 4 curtas. de volta ao brasil, foi morar no rio de janeiro onde prepara, junto de lucia, o longa "mar interior", sobre a cantora maria bethania e sua relação com alguns escritores portugueses. está também filmando há dois anos seu primeiro longa-metragem de ficção, com lançamento previsto para 2011.


http://www.youtube.com/user/sannagabriel


quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Estou chegando, há tempo, e talvez fique assim

Aí Magno me propôs terminar um roteiro dele que me mandou.
Eu quis.
Li depois.
E agora tenho que dizer que não contei.
Não contei pra ele porque esqueço.
Lembro que morro de medo de gente interessante quando me esbarro nelas.
O escrito, as pessoas ali são interessantíssimas.
Fico fascinada e só fascino.
Não sei falar, não sei fazer, reconheço, só reconheço e fascino.
E que eu faço?
A vida pra mim é comuníssima, faço movimentos pequeníssimos, só entendo alguma coisa no afeto de hoje, não quero morrer jamais nem matar ninguém.
Como é que eu faço pra te contar que não dá pra dizer dessas pessoas que sabem de política, arte e américa latina e vivem de maneira que nunca vivi?
Onde é que posso se não entendo onde entrar?
Queria, queria mesmo te surpreender, mas como se me preocupo em devolver os cascos do Naldo, presto atenção em separar as palavras e como biscoito de chocolate?
Se escrevo o que sinto, filmo só o que vejo?
E me contento sendo assim.
Que não me indigno com o que tinha que indignar.
Que não me entusiasmo demais com o que seria de entusiasmar.
E me vanglorio de limpar minha casa todo dia, trabalhar, cuidar do meu filho sozinha.
O que leio, vejo, que é demais, me paralisa.
Quando encontro esses lugares que me deu, me perco e duvido.

Outras coisas tinham aqui que não contei.
Não consegui.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

pontinho vermelho boiando

O Turco esquece que não moro com ele. Que me matar? Por que some assim?
O Marcos acha que escrevo o blog pra ele. Não, não, assim não.
Não vejo mais minhas baratas. Cada uma que matei apagou uma luz da casa.
Não é a lâmpada, é lá dentro no fio que elas foram.
De cinco, três lugares da casa ficam no escuro.
A cozinha eu vejo pela luz da geladeira.
A sala pelo computador e a luminária.
O quarto do filho só de dia.

Tito chega em casa e repete luz, luz. E repete.

Tenho escrito só pra ocupar espaço.
Não aguento não ocupar.

Luz, luz.