domingo, 4 de outubro de 2009

As coisas são as mesmas, mesmo quando variam

Essa semana trouxe um gosto diferente pra mim.

Quanto Tito fez nove meses, no dia 21 de outubro do ano passado, eu estava dando almoço pra ele numa cadeirinha que balançava e colocava encima do sofá. Ele sempre comeu tudo. Fui colocar o prato vazio na mesa atrás de mim e virei pra tirar ele dali.

Gritei um grito de morte.

Tinha de algum jeito se balançado e estava já no ar, com impulso, indo cadeira e ele inteiro sobre a testa mínima bater no chão.
Eu vi meu filho morto. Vivi a morte dele em segundos.
Peguei ele do chão de qualquer jeito, chorava com ele apertado em mim como se ele nem vida mais tivesse. Carregada de culpa por não proteger quem era naquele momento incapaz de qualquer auto-proteção.

Tito está vivo!
Mas ali eu tive a sensação quase sem ar de quanto é rápido deixar de estar.

Esses dias, esquecida da experiência, ou talvez não me pensando indefesa, me vi no ar também, caindo de testa, sem mão pra me proteger.
Ninguém me empurrou.
De inconsequente eu me balancei na cadeira de cima do sofá.

Tive a mesma sensação de morte.
Gritei também.

Voltei pra mim. Me apertei em mim.
Tive o maior desejo de me cuidar, como faço sendo mãe.

Redescubro na queda o prazer desse cuidado e a máxima necessidade que tenho agora.

Depois foi como se ouvisse a médica que cuidou dele naquele dia, há quase um ano atrás:
"Essa é a parte do corpo mais forte que temos".

2 comentários:

Anônimo disse...

Ufa

"quanto é rápido deixar de estar"

cada instante é um instante inteiro
as esolhas não são feitas só quando escolhemos fazê-las.
essas sim, estão o tempo todo

beijos!

Marina disse...

nossa lembro muito de vc me contado esse fato...