quinta-feira, 3 de setembro de 2009

mas até lá eu não vou me esconder

Eu espero a noite com dentes já maiores.
Tenho um desejo que estraçalha.

Não é de sempre.
Igual só de adolescente.

paixão antiga sempre mexe com a gente...

Não diferente das outras,
ela me consome.
Me suga.

Não durmo.
Coloco meu filho pra dormir com a sensação de mentira.

Hoje percebi seu dente pontudo.
Ele sacou.

Girava, levantava, pedia, chorava.
Mantenho como se nada.

Carinho, canto, conversa.
Mantém como se nada.

Eu queria lançar meu filho.
Ele se salva.

Um chá!

Esquento a água me lambuzando na baba.
Não é o chá, eu sei que não.
É depois dele,
Depois dele ela me avança.

Me acendo. Me atrapalho.
Fico um tempo assim desarrumada.
Sozinha na minha bagunça que me extasia.

Corre uma barata.

Maior de todas que vi.
Eu, ela.

A noite sumiu.
A barata correu.
Eu corri, queria sumir.

Sapato, sapato.

Encontro esses do tamanho do polegar.
Que sufoco.

Me esbarro na vassoura.

Saio batendo como se duas da tarde.
Me imponho no grito.
A insulto.

Ela some.
Parte da performance.

- De repente ela saiu, foi embora.
Parte da performance.

Solto um som curto e vou.

Cutuco.
Mexo até que apareça.

E aparece!
Reencontro terrível.

Volta crescida.
Me enfrenta como se uma alpaca.
Faz o caminho exato até meu pé.

Eu, mordedora de medo,
Pá!

Baratas nada sabem do trânsito de Urano.

Um comentário:

Ali Z disse...

"Saio batendo como se duas da tade."
Adorei essa 'carta' :)

Beijos minha flor!