terça-feira, 22 de setembro de 2009

eu quero é botar meu bloco na rua

Acredito em uma quantidade de coisas em mim.
Confio na percepção que tenho, na impressão que me fica do que me conecto.
Sei saber das pessoas.

É um tipo de relação que sei estabelecer.
Não leio jornal, não vejo tv há meses, não sei nada das guerras, das relações entre países e que partido devo tomar em relação à crise.

Tenho palpite pra mim.
Não interessa a ninguém de tão ingênuo.

E não é que eu não queira, que gosto do discurso de não saber.
É que depois de muito tempo fui percebendo que não podia tentar ocupar um lugar que não absorvo, que não me alcanço através dele.

Meu aprendizado só se faz no que experimento.
Lembrei agora de uma professora que dizia 'experienciar'.
Não sei se está certo mas o som eu gosto muito.

Antes desse texto eu comecei outros três.
Nada era o que tinha a dizer.

Não sei se sentem isso,
Eu percebo, muitas vezes, onde falo por falar,
Faço por fazer.
E descubro o que sai sem vida.

Se eu só posso dizer do que experimento,
Preciso que isso seja o que seja, realmente.
Tenho que procurar isso do jeito que está em mim.
Com referência visual, sensação que me provoca, lembrança.

Muitas vezes preciso de tempo pra chegar em mim.
Noutras eu vomito. Em segundos.

Esse texto me foi mais difícil encontrar.
Porque foi difícil encontrar o que me fez começar.
Reconhecer essa sensação em outro lugar.

Porque a gente reconhece o movimento daqui lembrando do que viu ontem com alguém,
A gente relaciona uma pessoa a outra, leva um autor à outro.
O encontro afetivo que a gente precisa.

O que me fez começar o texto não me foi fácil, como disse.
Porque não tinha disso por onde eu ia.

Voltei a ele.
E pude reconhecer algo que me quebrou depois desse contato.

O que tenho encontrado antes daqui me traz a imagem de uma loucura conjunta.
Uma paranóia afetiva.
O medo de se alimentar da comida que é pouca.
A escolha da fome total por medo de saber o sabor da falta que vem depois.

Me vi assim em defesa,
Pensando que não.
Me desviando.
E me reconheci assim por me ver com outra cara.
Por me descobrir toda, sem receio do depois.
Porque estar ali sem fuga vale qualquer depois que venha.

Minha convicção é na confiança.
Confio nas pessoas, em todas.
Umas mais, outras nem tanto.
Uso o que recebo, tento não pedir o que não me deram.
Cada relação se estabelece dentro do possível que cada uma tem.

Dentro dessa confiança nem sempre meu jogo é bom.
Muitas vezes saio atropelada, desacostumada com as passagens de agora.
Ainda mais que venho de um trajeto que é uma lindeza,
Sem economia, também sem invasão. De vida junta e separada.

Qualquer defesa não parece caber quando se pretende estar junto.
Incompatível, não me traz sentido algum
E mesmo assim me vi ali, desconfiada sem saber.

Muitas vezes me engano na confiança,
Mas não desacredito dela,
Eu que preciso treinar melhor a percepção do limite dela em cada lugar.

A exaustão desse movimento de ida e volta é menor que o reencontro cheio que tenho agora com o que acredito.

Tanta coisa que mexe,
Não consigo organizar o texto.
Vou deixar ele assim esparramado.
Me sinto um pouco desse jeito.

Confiar no que coloquei aqui,
No que sinto, no que ficou em mim,
Com a confiança enorme que tenho comigo agora.

Aprendizado meu que só se faz no experimento.

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