sábado, 2 de janeiro de 2010

eu sei que você fez os seus castelos

01º/01/10, veio pra gente a esperança.
Já de noite.
De algum jeito entrou, nós dois vimos.

Apesar de detestar barulho que asa faz, comovente ela ali, no dia tal.
Disfarcei o terror pra ele não aprender esse medo desajeitado.
Carreguei pro quarto como se com interesse em dormir.

De manhã, sempre cedo demais.
Acordo num beijo no braço.
Demais também.
Enrolando na cama, a gente troca os lados, tenta acordar.

Será que nosso bicho tá lá?
Rio fingindo.

Corre pra ver.
Funciona!

Controlo agonia, lembro sempre do meu irmão que disse da adrenalina atrair inseto.
Não sei se ignorância, sabedoria ou sacanagem.
Só caçulo.

Adrenalina pelo bicho, adrenalina pelo medo da adrenalina.

Asa não tinha.
Ouço asa no preparo pro vôo.
Fomos pro chão, olhando bem e pronta pra correr.

Ali!

Encontro com entusiasmo pra enganar filho e adrenalina.

Quietinha no chão.
Num canto.
Comemos ali do lado.
Massinha, desenho, filme.
Estranho.
Ontem voava mais que pousava.
Cheguei mais perto.
Adrenalina nenhuma.
Fui gostando da esperança assim.

Tinha uma perna pra cima.
Andava lenta.

O ventilador ficou ligado a noite, porque dormi sem saber.
Bateu.
Não voava mais.

Passou o dia andando ali, devagar.
A perna levantada caiu.
Colocamos ela pra fora, achando que podia ficar melhor.
Mas não sei se ficou.

A perna ficou em casa.
Sobe e desce a parede.
Pra formiga, uma perna de esperança é demais.

Fechava assim.

Vou atrás do mouse levar a seta pra onde clica e faz o texto público.
Olho de volta pra frente e, em cima de onde faz o texto público, a maior barata que vi em 31 anos e 11 meses e meio. Grosseira, marrom marrom, cascas, várias cascas, muitas, muitas cascas, duas antenas caem e levantam num contrabalanço que sustenta aquele comprimento estúpido.
Faz graça, cospe em mim.
Voa.

Não bate no ventilador.

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