segunda-feira, 1 de junho de 2009

estágios

Queria ter precisão e confiança quando me perguntam: - Profissão?
Hoje até que me divirto: - Me dê as opções!
Tenho uns 5 registros profissionais na minha carteira de trabalho.
Nenhum deles corresponde às atividades que tive registradas ali.
É de abalar.
Ou rir.
Rio de nervoso.
Falei do meu pai ali embaixo e uma das memórias estonteantes que tenho é de contar quase gargalhando a notícia da morte dele às meninas, Pati e Soft, que moravam comigo na época.
Estou com minha carteira de trabalho vagabunda na mão.
Lendo o que tenho aqui.
É mesmo de gargalhar.
Vou contar.
Registro de atriz.
Terminei a faculdade de cênicas em 99.
Vá!
Depois de sonoplasta. Sonoplasta!
Me imagino procurando trabalho.
Assistente de direção.
Uma vez enganei a Sueli que ia trabalhar como assistente dela.
Me candidatei e não tinha idéia nem como interpretar, vê só como assistente.
Colocaram meu nome:
Assistente de direção MARIANA ABBADE.
Meu primeiro golpe profissional.
Vamos ser justos, esse golpe não faz mal a ninguém.
Bom, a mim se acreditar.
Depois direção teatral. Eu queria audiovisual.
Não muda a falta de utilidade.
Professora por dois anos.
Uma das coisas que menos sou é professora.
Talvez mais sonoplasta.
Mas foi um exercício dos mais envolventes.
E teve um trabalho arrasador de dois meses em uma imobiliária em Curitiba.
Secretária.
Tinha que estar mais completo.
Secretária-do-irmão-do-dono-que-queria-me-comer.
Não o irmão, o dono.
Menos mal.
Meu chefe era de tremer os nervos.
O irmão fodão, empresário, que usava um carro baixinho, sem teto, que parece brinquedo e casado com uma mulher linda de doer liberou uma sala e uma equipe pro irmão doente fazer negocioterapia.
Eu tinha o que?
Acho que 18 ou 19.
Foi um dos momentos que mais li.
Atendia um telefone que não tocava.
Em dois meses deram alta ao meu chefe.
O chefão dono de tudo me chamou na sala dele.
Disse que não ia poder continuar com Lauri lá.
Será mesmo que lembrei?
E perguntou se eu não queria continuar na empresa em outro setor.
Ia ler menos, talvez ganhasse um pouco mais.
Lembro que estava magoada com ele pois tinha sido patrocinador de um show do Gil lá no Guairão que não tive convite.
Ele disse que não sabia.
A secretária dele, cretina, disse pra mim que ia falar.
Rimos.
Ele perguntou quando tinha sido minha primeira vez.
De novo.
Ele perguntou quando tinha sido minha primeira vez.

Tempo.

Não tenho clara referência sobre o que é certo e errado e sou lenta pra absorver.
Claro, se ele me perguntou, ele chefão, empresário, que usa um carro baixinho, sem teto, que parece brinquedo e casado com uma mulher linda de doer.
Eu respondo.
Saí de lá com a mesma sensação de quando assistia SBT na infância.
Mesma falta de sentido.
Disse depois estar pesado trabalhar de dia e faculdade a noite.
Um bom tempo depois estava numa praça, fazendo trabalho de pesquisa.
O chefão passa no carrinho de brinquedo.
Acenou.
Vi muito depois.
Acenei.
Em minutos ele passa pelo mesmo lugar.
Fez a volta.
Parou do outro lado da rua.
Dei tchau e um sorrido simpático nervoso.
Ele respondeu.
Ficou parado.
Continuei a trabalhar.
Ele ainda estava lá.
Me olhando.
Continuei trabalhar.
Queria tanto um convite pro Gil.

Um comentário:

tainah disse...

Ah! Não sei se sonoplasta, nem secretária, mas a eterna mulher dos filmes que eu ainda não fiz mas farei, é.

pensei nos meus dias nonsenses de sbt na infância aqui!

abraço forte!