terça-feira, 2 de junho de 2009

continuando...

Largando aquela besteira na carteira, fui sempre autônoma.
Minha mãe fica em arrepios.
Com pena de mim, que não estou no lugar daquela amiga funcionária pública, feliz pra burro, com aquele trabalho ma-ravilhoso e que não é nada, não é nada, ganha 2 pila e meio por mês.
Posso fazer qualquer trabalho, se precisar.
Não que não tenha orgulho.
Quase morro com ele.
Antes de morrer o transformo.
Mas tenho que admitir que esse embate não consigo transformar.
É a falta de capacidade.
Não sei estudar.
Minha maior tortura desde a 4ª série foram as provas, os testes.
Eu me sinto uma fraude de ter uma faculdade concluída.
Eu me sinto uma fraude de ter uma faculdade PÚBLICA concluída.
Antes ainda por ter sido aprovada no vestibular.
Não era difícil na minha época, claro que não.
Mas fosse a mais abandonada das faculdades eu não me imaginava em uma tão rápido.
Tinha planos como caminhoneira.

Não fui caminhoneira.
Por conta disso nunca aprendi a dirigir.
Alguma coisa nos filmes e vídeos que vim fazer depois.

Atuei em um que nunca vi.
Escrevi e dirigi outro que quem dirigiu foi Lipe.
Fiz a produção de um que quase não teve produção.
E outro que abandonei na pós.

Antes disso fiz canto e achei que fosse cantar.
Depois aprendi um tico de pandeiro.
Mexi no final cut que tinha em casa pra editar aquela porção de vídeos do mocinho que dorme aqui do lado agora, pendurado na mamadeira.
O que me fez sentir produzir além do leite (pouco), já que não era um momento de viver lá fora, pude inventar algum lugar.

No fim do ano passado fiz um workshop com Domingos Oliveira.
Foi quando não me entendi mais como atriz.
Isso me mexeu do pé à antiga moleira.
Rachadura que tive que entrar.

Escrevi pra me reconhecer.
Também pra me explicar.
Inaugurei esse espaço virtual que me é companheiro dos melhores.
Convidei amigos pra me dar um apoio.
Me deram.
Alguns outros que não conhecia chegaram.

Tenho confiança tal que duvido de mim sempre, com prazer.
Quando penso em algum texto que fiz chego a ter vergonha.

"Prezada Mariana, informo que a Multifoco possui interesse em publicar o seu texto".

Perdida na Lapa, telefonei pra mãe, lu, rô, lipe, comi um chocolate.
Veio o impossível.

4 comentários:

Rachel Souza disse...

hahaha comeu um chocolate?Deveria ter comido dois! A vida tem umas coisas realmente surpreendentes... Comecei a trabalhar muito cedo e aos 19/20 era auditora fiscal e ganhava dinheiro de gente grande.Era auditora cursando direito e amando ARTE. Assim,com as letras maiúsculas. Saí da auditoria antes que ganhasse uma úlcera.rs Fiz vários estágios em direito,detestei quase todos.Fui vivendo um lado B interessantíssimo e intenso. Minha vida profissional me deprimia e mandei tudo pra merda. Fiquei dura, chorei,fiquei dura de novo... Mas me encontro assim, sou feliz assim, lançando livros em editoras independentes,escrevendo de madrugada, pendurando coisas em árvores,sendo conhecida como "poeta",como escritora, como artista-porra-louca-coitadinha sem carro-da-família e sonhando com um mestrado e Artes.

Rachel Souza disse...

em Artes.

Anônimo disse...

Gente eu não acredito o que estou lendo: duas completamente loucas que resolvem ser feliz sem dinheiro; num mundo em que nada, absolutamente nada, se faz sem ele.
Sem o referido, nem zoarem por aí vocês podem. Porque sempre haverá o perigo de aparecer um infame pedindo: "Saiam da minha fazenda". Da minha árvora. Do meu terreno.Do meu sitio. Da minha calçada. Da minha rua.
O direito à propriedade é inalienável para quem pode comprá-la.
Não importa a custa de quais outros direitos.

Rachel Souza disse...

Rs eu que não acredito no que li aqui em cima, caro anônimo...Ninguém, ao menos eu, resolveu ser feliz sem dinheiro, apenas resolvi ter úlcera pelos motivos certos.