sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

para meu amigo

Nessa quarta-feira, dia 10 de dezembro foi aniversário de Lucas.
Tito foi à creche, Lipe pra produtora e eu pro centro de Niterói. Fui comprar presente pra Tito. Encontrei Helena. Encontro gostoso. Fui almoçar com Ângela. Almoço gostoso. Beijinho fui pra Caixa Econômica, Itaú, volta pra Caixa. Acabou. Ônibus pra casa.
Sempre que chego em casa abro e-mail. Mensagem da Marina.
O gmail deixa saber as primeiras palavras: oi Mari, tô escrevendo infelizmente pra dar uma notícia triste.
Abri.
Pai de Fox, JB, faleceu.
Fox já está no avião, chega a noite.
Como agora, fiquei um tempo olhando pra frente...pro computador, pra mensagem, relendo.
A morte quebra a gente.
Liguei pra Lipe. Ele não sabia. Vamos falar com algumas pessoas e pedir que fale com outras.
Atropelado? Meu Deus.
Marcos liga, não morreu.
Meu Deus!
Tem chance de viver!
Seria tão bom se a morte não fosse definitiva.
Que fosse um reencontro a cada dez anos.
Áurea avisou, não morreu!
Fox está no avião com a notícia da morte.
Tem que viver!
Ia dar a notícia a ele, a Marina - foi engano!
Aconteceu com um amigo meu. Ele morreu. Não tem conversa. Muito tempo depois, estou dormindo, já em Niterói, o morto me liga no celular. Vi fantasma. Pra ver fantasma basta ouvir sua voz. Foi mais horrível que a notícia da morte.
Agora não seria.
Tem que viver!
Fiquei em casa, escrevi e-mail resposta pra Marina. Nos falamos on-line.
Cada hora uma informação diferente.
A esperança dói. Mais que a notícia de morte.
Faleceu.
Não tem conversa.
Definitivo.
Dói mais agora.
Chegou de viagem. Foi pro hospital. Amigos pra lá. Tudo parece mais frágil. Vejo se Tito está bem. Dorme.
Marina foi dormir, desligou skype, gmail. Vamos dormir.
Cedo ligo pra Lili. Pode ficar com Tito? Saímos.
Almoçamos e fomos pra câmara municipal. 11 horas? Não, uma.
Júlia liga, não tem ninguém conhecido, Fox não está.
Já estamos chegando.
Na câmara encontramos os amigos. Ainda não liberaram. Todo mundo espera. Tem sol, mormaço. Conversamos. Fazemos silêncio. Esperamos Fox. Chega uma kombi com o caixão.
Atrás, andando, de óculos escuro, chega. Imagem doída, exausta.
Todo mundo concentra.
Machuca te ver.
Não pude dar a notícia que queria.
O peito pede abraço. O abraço é pouco.
O que ele vive, o tamanho do que ele vive.
A lembrança de te ver chegando é uma das mais lindas e doídas.
Tudo vai andar.
As pessoas vão dizer outras coisas.
As coisas vão ser ouvidas.
A morte não anda.
A lembrança de te ver chegando...
Quisera poder aliviar você dessa.
Quisera não ter a lembrança de te ver chegando.
Não tem conversa.
Eu te amo, amigo, é definitivo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Vou tentar marcar a minha presença aqui.
Ah, um detalhe importante: nos primeiros textos os paragrafos são iniciados com maíusculas. Isto é bom.
Bjs
mah