segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Bem que isso podia nunca mais ter fim

Dormi depois, acordei antes.
Como sempre quando apaixonada.

Olhando pra ele, espalhado como se um metro e noventa.
Boca aberta.
Cheguei perto pro cheiro da boca que cheira bem, apesar da saliva parada.
Uma hora.
Ouvindo, vendo, cheirando.

Foi acordando.
Virando, enfiando as pernas debaixo de mim, as mãos.
Virou do outro lado, mais de uma vez.
Escuto "minhoca, minhoca..."
Volta o sono que sei pelo som de quem não pensa pra fazer.

Vira de volta, de frente pra mim.
Fecho o olho como aprendi a fazer de um jeito que vê.

Estica o braço, passa a mão na minha cara, de levinho.
No meu braço.
Não tira o olho de mim, como fiz há pouco.
Senta.
Procura meu peito pra enfiar a mão.
Se levanta mais, não consigo ver sem mexer a cabeça.
Uns tapinhas na minha bunda "boi, boi, boi...preta..nino...êta".

Virei pra ver, olho aberto, rindo.
Riu como se acordasse de verdade enquanto ria.
Levanta minha blusa, a dele, deita barriga com barriga.
Estica o dedo machucado "Bêju". O outro "Bêju". Bico "Bêju".
"Abraço".

Pega meu óculos, sempre pega, e entrega.
Acha a sandália, obsessivo nela sempre.
O livro dele que tava ali.
O meu, O meu não!

Um susto Meu deus, tenho um filho.

Nunca sonhei estar grávida.
E mesmo em mim sensação louca de grandeza.
Um corpo fazendo outro.
Nove meses, passar a ser.

Inteiro desde o início.
Mesmo na falta.
Parte do que se é inteiro.

Falta pra mim alcançar a sensação que não entendo.
Da parte minha maior que eu.

Em você me vejo mais que posso.
Falo só o que entendi.
Simples, me dá o que mal suporto.
Ocupa espaços que não cheguei.

Nem dois anos.

Grande como nunca vi ninguém.
Esqueço o tamanho.
E lembro.
E quando lembro mal sei falar.

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