quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

indo pra lá

Você pode achar engraçado, estranho ou mentira,
que ache.
Minha amiga se chama Lucía com acento no i.
Comecei e tremi. Tenho duas horas pra pensar nela sem edição.
Duas horas pra lembrar e sentir tudo que posso. Em duas horas terei novamente em casa meus super-heróis. Que me dão um trabalho de cão.
Bobagem.
Cão não tem trabalho algum. No máximo uma cheirada, uma corrida e um biscoito.
Não tem problema, o que importa é que tenho duas horas pra pensar sem edição sobre a minha amiga com acento no i.
E preciso não editar, pra que esse escrito faça sentido.
Se não pra ela, ao menos pra mim.
Preciso ao menos tentar começar.
Falar dela e não sobre o trabalho do cão.
Falei isso e fui passear um pouco. Passear por aqui mesmo, no computador.
Uma luta começar.
Vou passear mais um pouco.
Fui e voltei um dia depois.
Nesse dia todo não concentrei em você.
Estou indo ao encontro dos meus dois. Amanhã é sábado. Fim da semana.
Vou esperar pela segunda.

...

Segunda, 12 de janeiro de 2009.
Amanhã é meu aniversário.
Ela devia fazer um texto pra mim.
Ela faz tanta coisa pra mim.
Um texto pode ser que não.
Ela me liga pra saber como estou, o que decidi pro aniversário, precisamos nos ver pra fazer as coisas pra festa, se dedica na idéia da piñata, tenho que ligar pra Nina pra ela pintar as crianças, quer buscar Tito na escola hoje, levá-lo à praia outro dia, tomarmos sorvete. Tinha dado ponto final e atendi o telefone. Me convida para o japonês. Tomarmos uma cerveja amanhã.
É assim.
Às vezes as propostas se dividem em alguns dias, na maior parte vêm juntas numa mesma ligação.
Digo que ela é bipolar e ela tem mulheres peruanas pra me darem respostas, que eu não entendo nada de psicologia.
Fico quieta porque elas sabem da vida e da necessidade pós-moderna.
Relacionamentos líquidos, disse o Rafael.
Luci (amiga, psicóloga, bruxa peruana que fala português) diz que ela é viva.
Não cabe mais vida dentro dela. É vida em excesso. Eu digo a besteira, não Luci.
Agora escrevendo sobre ela e ouvindo uma música que ajuda a fluir eu morro de amores. Vontade de sair com ela correndo e gritando por aí.
Desenlaçada de tantas coisas lindas que muitas vezes são malditas por nós.
Precisam ser.
Malditas, lindas e desenlaçadas.
A Lu é a amante.
Se um dia o tesão for demais a gente sai correndo e gritando. É a imagem que tenho. Correndo e gritando.
Imagina a cena. Coloca Cat Power pra tocar. É libertador.
Ela riria dessa falta de atitude.
Eu falo dela com todo esse amor e a leitura faz parecer que ela é uma maravilha. E é. E tenebrosa. Horrível. Cheia de vida. Aflita. Nada em paz, ocioso, repetido.
Tem horror a essas coisas deliciosas que não precisam ser pensadas, questionadas, produzidas. Que fluem deliciosamente.
Sem ela.
Pra falar bem a verdade, minha amiga é um saco.
Estraga a rotina.
Dá trabalho ser amíga, com acento no i.
Ela faz essa zona toda, a gente atordoa. Fica puto.
Sei lá que bruxaria peruana ela tem. Em dois minutos a zona, o atordoa e o puto não existem. Não é que ela conserta e a gente ameniza. Somem. Não existem.
Líquidos.
E de novo a imagem da gente correndo e gritando.
Você rindo de tudo que tenho de fixo, retrógrado, de mal gosto, velho e estável.
E eu te amo tanto.
E o melhor aniversário é ter você aqui de volta.
Rindo de mim e enchendo meu saco.

3 comentários:

Anônimo disse...

Então fazer um texto para ela no seu aniversário 3 porque ela agora divide todo com um ser chiquiTITO então o um é dele.
Difícil em português, mas não impossível, acho que é isso o que resume minha relação atual com o Brasil. Acho que devo muito esta relação a Mari quem tem trabalhado muito para am-í-ga estes anos meus de adaptação.
Excesso define-me muito bem umas vezes lá na cima outras no chão e ela ta junto comigo nessa montanha rusa...para me apertar à mão quando eu fico com medo e para rir MUITO ALTO quando a gente ta curtindo ficar na cima olhando pro mundo tão pequeno em comparação com nossos planos e ambições da vida. Porque ela é muito agitada também só basta ler os últimos textos não dorme não para cuida protege ama edita escreve organiza lê pensa em todos nos e ainda fala que sou eu a que naõ para de produzir...
mamadeira, moto boy, celular... a mãe posmoderna. A posmodernidade me incomoda no seu lado líquido justamente é tão difícil se comprometer com alguém mesmo, então tem coisas que me dão terra firme coisas das
quais eu não abro mão e me fazem voltar ficar ter paciência escutar todo isso que me é tão chato, ela é uma dessas cositas lindas.
Agora que li os textos que eu parei para pensar quanto ela tinha crescido neste ultimo ano como mulher como ser humano quanta entrega e que delicia ler que você sente vontades de jogar ele pela janela também, a Mari é assim (você começou!) sincera de mais hiper critica com ela mesma se exigindo fazer tudo o melhor que ela pode viva intensa brilhante obsesiva
já vi ela meses na Internet pesquisando sobre o parto normal até passou DVD para mim sobre isso ou enlouquecer com uma atividade nova na sua vida...perguntando-se sobre a arte o amor... aqui entra o som e a gente sai correndo e gritando correndo e gritando correndo e gritando eu sumaria peladas!!!
A gente é amante sim! eu amo todo o que ela tem de fixo retrógrado velho e estável na sua vida e tenho aprendido que eu também amo muitas coisas da rotina como nossos sorvetes poder pegar o Tito da creche e ligar para ela sabendo que esta pertinho é bom e gostoso de mais!!!
Fiquei puta quando falou que eu era um horror e sou mesmo só ela e a minha mãe podem me conhecer mesmo... aceito todo... agora, não sei ainda o significado de OTORDOA depois a gente fala de isso.
Adorei te ler ontem obrigada pelas verdades pelas conversas destes anos juntas.
Parabéns!!! Se você continua praticando com ele as palmas eu bato em você!!!!
Te amo com loucura.
A vida sem vocês seria um saco.
Luc-í-a.

Marina disse...

meninas estou emocionada com os textos de vocês.
Lindo demais esta amizade.vcs combinam demais, quando vejo uma ja imagino a outra....
Amo vcs duas!

Marina

Anônimo disse...

Mari, que surpresa! Já havia lido coisa sua, mas nada assim.

Sabe, não sou de elogiar o que não acho genial (acho que você sabe)... E não é que você merece uns elogios?

Num desses períodos de pós-término de relacionamento, que as pessoas que não namoram ou casam por oito anos até conseguem manter vivo na memória, fui assisti a um filme mediano com alguém que eu desejava ardentemente. Não estar no cinema, que fique claro... Meus desejos são muito mais elementares. Mas, voltando ao filme... Era um documentário chamado, se não me engano, pro dia nascer feliz. Lá, eram confrontadas as vidas estudantis de crianças e adolescentes pobres com os estudantes dos colégios mais caros de não sei onde... Lembro que uma das alunas do ensino público sonhava ser escritora, porque, assim, poderia fazer as pessoas se emocionarem e, quem sabe, com um pouco de sorte, verterem um par de lágrimas... Mal sabia a moça o quão difícil é fazer as pessoas se emocionarem, com o que quer que seja...
Mas não é que, ao ler - no tiro - os cinco escritos mais recentes, com o trabalho (estranhamente até) se avolumando sobre minha mesa, tive que afundar a tela no monitor para tentar esconder que eu estava chorando... De emoção, de bisbilhotice, de graça, e de tristeza mesmo, naquele em que, não sabia, mas até fui citado como portador d'um tênue alento...

Lerei com freqüência, com trema mesmo, insensível que estou aos acordos ortográficos... E, claro, assim como fiz com o vídeo, devo puxar o teu saco, e te copiar sem
pagar royalties!

Beijo e até sábado.

Marcos