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domingo, 5 de abril de 2009

hoje é dela


Não gostou de esperar.
Fiz esse pedido de aguarde na segunda-feira.
Na quinta recebo a notícia hospital, internada, uti, pressão lá em cima.
Quarto 201 como o apartamento que vivo. Ufa.
Dia dela.
Ela, minha mãe, são várias.
Não tenho cacife pra todas, escolho uma.
A que escreve. A que compõe. São a mesma.
Não posso dizer que as conheço realmente, nenhuma das duas.
Posso falar que estiveram e permanecem comigo desde que não me lembro.
Fico apavorada.
Isso nada tem a ver com a mãe do dia-a-dia, uma chatice.
Essas que permanecem são doídas, de fisgadas, daquele amor visceral que não acha espaço no corpo, daquele tipo de amor que não se aguenta pensar, que faz parte daquela parte da vida que só dá pra viver.
É antes de mim.
Elas fizeram minha construção toda.
Me salvaram. Fizeram de mim maior do que poderia.
Outras pessoas me contruiram, ela me rascunhou, ilimitou.
Não poderia ser outra você, vocês.
Não há como me pensar sem o colo, a liberdade, os beijos, mordidas, bichos, costumes, o jeito de fazer, a falta do jeito, o medo da chuva e a lembrança de quando ameaçava me comer como um porquinho.
Minha mãe é maior do que pode.
Ela precisa de Marte, da população extra-terrestre.
Deixou a música. Acho que a escrita também.
Foi pro hospital. Pra UTI. Hipertensão, talvez coração, talvez dessa dor que faz parte daquela parte da vida que só dá pra viver.
Você é tudo que faço, tudo que escrevo, tudo que gosta, que não, que te aflige, que te espanta.
Essencialmente sou maior do que sou.
A culpa, sempre da mãe.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

mama mia!


há pouco tempo venho atualizando esse espaço com certa frequência, sem trema.
tenho tido prazer em escrever.
uma descoberta estupenda.
muitas coisas que tenho a dizer serão ditas!
que sensação!
poder dizer sem precisar que alguém escute.
será dito.
pessoas, histórias, momentos fundamentais.
felipe diz que sou mais inteligente por escrito.
levo como elogio que dá menos trabalho.
me falta a habilidade da criação.
a constância.
minha mãe percebeu.
mãe serve pra parir, dar colo e amamentar.
depois que não pode mais.
percebe.
sou mãe também.
ainda dou colo.
ela, minha, gostou dos escritos que fiz.
a inconstância.
percebeu a inconstância.
atualização! segredo do sucesso, diz.
como não tenho o ofício.
escrevo esse texto bobo.
segredo do sucesso.
é bobo mas falta pouco.
parar no meio é demais.
mãe inicia tudo.
mas nesse texto bobo é pra acabar!
está na lista de assuntos a escrever.
sem precisar de alguém pra escutar.
mãe. (quase fim)
ela percebeu mais.
a primeira pessoa, a exposição, a dúvida do retorno.
tem que tomar cuidado.
percebe tudo.
um texto bobo em primeira pessoa pra minha mãe.
segredo do sucesso.
que não pode mostrar pras amigas.
minha mãe, desculpa.
eu, tonta, ainda dou colo.